quarta-feira, 13 de maio de 2015

O que esta deixando o mundo obeso

A obesidade é uma doença endêmica e que há pouco tempo atrás não tinha a atenção devida. Atualmente, sabemos que uma série de condutas terapêuticas juntamente com medidas políticas e de saúde pública foram e continuam sendo criadas, no sentido de buscar encontrar a causa para este aumento drástico e buscar diminuir a incidência e prevalência da obesidade e todas as complicações atreladas ao seu aparecimento.
Obviamente que uma das formas diretas de opção para a prevenção é através das dietas. Mas qual a diferença entre as dietas existentes no “mercado”? Porque apesar de todo esforço que se faz, não conseguimos resolver este problema? Quando se iniciou este problema e de quem é a culpa?
          Bom, estas perguntas não são fáceis de serem respondidas, mas através do estudo da história, da cultura e da medicina podemos elucidar estas questões e então compreender de uma forma holística primeiramente com o que estamos lidando, para termos maiores chances de combater este problema e tratá-lo efetivamente.
          Existem dados científicos marcantes, então acredito que seja importante usarmos algumas destas informações mais impactantes e buscarmos encontrar os acontecimentos que podem ter possivelmente relação causal com
os mesmos.
          Quem já não fez ou conhece diversas pessoas próximas que não tenham feito algum tipo de dieta? Conhecemos diversas e a cada ano, parece que surgem novidades milagrosas e que prometem emagrecimento e “o fim dos seus problemas” finalmente! Mas o que percebemos, é que muitas destas realmente funcionam… por um período. Ou seja, a pessoa consegue emagrecer, mas 1 ano depois ou mais, esta mesma pessoa não só voltou a ter o mesmo peso, como a grande maioria está mais obesa ainda. E é fácil de entender, afinal qualquer restrição calórica, seja ela através da não ingestão de proteínas, ou de gorduras, ou de carboidratos, absolutamente todas farão com que diminua a quantidade de calorias diárias e consequentemente ocorrerá a perda de peso. Entretanto, já que praticamente ninguém consegue viver sem um macronutriente específico pro resto da vida, esta pessoa voltará a ingerir o que era sua rotina anteriormente, a ganhará novamente peso, não existe mágica! *macronutrientes são as proteínas, carboidratos e gorduras
         Mas então como conseguir vencer a guerra contra a balança? Pois bem, primeiramente a guerra não deve ser diretamente contra a balança ou o peso. O que se tinha como principal cálculo para classificação de uma pessoa quanto ao seu estado nutricional, o IMC (índice de massa corporal) que mede simplesmente a relação peso e altura, já não é mais um parâmetro fidedigno e está ultrapassado, então se você se baseia neste valor, esqueça. Aliás, sinceramente não vale mais pra nada meus amigos, nem este cálculo e nem também a segunda opção já um pouco mais evoluída de ficar pinçando gordura com um aparelho e com as mãos, que é completamente dependente de quem aplica obviamente e varia muito conforme a distribuição de gordura corporal. Na realidade mesmo, nunca foram boas como parâmetro real! Vamos pegar um exemplo de um lutador de boxe peso pesado, extremamente musculoso, e uma pessoa da mesma estatura e obesa. Quando calculamos o IMC de ambos, muitas vezes encontramos pesos semelhantes, alturas semelhantes, portanto, classificações semelhantes para pessoas absolutamente distintas em sua proporção corporal e saúde, conseguiram entender?         Então hoje, existe uma série de novos cálculos complexos para se determinar os parâmetros corpóreos das pessoas. O triste é que muito provavelmente, os alunos das universidades de medicina pelo Brasil ainda estão sendo ensinados com base no IMC, e não imagino quando terão oportunidade dentro da universidade de atualizar estes conceitos, que uma vez ensinados por professores, se tornam verdades absolutas e paradigmas difíceis de serem quebrados. Hoje dispomos de aparelhos modernos que trabalham com tecnologia de bioimpedância e trazem estes cálculos prontos, realizando uma medição muito mais fiel, então aconselho os colegas médicos a se informarem sobre a o assunto em artigos científicos atuais.
         Uma vez que cada pessoa tem uma estrutura óssea e tecidual individual, a avaliação nutricional deve ser também individual. A guerra deve ser contra a doença, isto é, não devemos buscar primeiramente emagrecimento para depois tentar saúde, deixando a pessoa sem determinado nutriente por um período na busca da diminuição do seu peso, mas sim primeiramente fazer com que o indivíduo fique saudável, ajustando e otimizando todo seu metabolismo, ensinando a equilibrar corretamente suas refeições sem ter que ficar contando calorias nem pedaços ou porções, para que a forma de não exceder o peso se torne uma rotina em sua vida. A partir daí, com saúde naturalmente esta pessoa emagrece, pois só encontramos a saúde perfeita na pessoa que está dentro dos padrões metabólicos ideais. Para tal, aí sim é fundamental que o profissional compreenda absolutamente tudo que tem relação com nutrientes e acima de tudo, genética, esta é a novidade que revolucionou a forma de vermos o estado nutricional, através da Nutrigenética.
         Vamos aos dados: O NHANES (National Health And Nutrition Examination Survey) é um estudo que periodicamente divulga dados importantes sobre a saúde dos americanos. Em 2011, este resultado foi demonstrado:“Os americanos pesam hoje, em media, 11 Kg a mais do que há 25 anos!” E este problema que está afetando os americanos, afeta com toda certeza o Brasil também, provavelmente não com tanta diferença, porém um aumento significativo ocorreu.  Mas e o que pode ter ocorrido nos Estados Unidos para este aumento abrupto?
         O mesmo NHAMES divulgou ainda, que “O adolescente ingere em média 275 calorias a mais do que há 5 anos atrás”. E se analisarmos mais profundamente,  destas calorias, somente 5g (45cal) é de gordura, ao passo que os carboidratos somam 57g (228cal). Isto demonstra que a quantidade de carboidratos ingeridos vem aumentando significativamente.Amigos, estamos ingerindo hoje 11 vezes mais carboidratos do que gorduras se compararmos os últimos 30 anos e o que continuamos sendo alertados? “Não coma gordura que esta é a vilã para a obesidade!” Mas se não são as gorduras que aumentaram exponencialmente em nossas dietas, de que adianta continuarmos acreditando nesta hipótese absurda? (ainda bem que pelo menos este fator já foi divulgado há pouco tempo e já escrevi sobre os benefícios das gorduras e quais você deve ingerir http://www.blogdodrvictorsorrentino.com/2012/07/sim-voce-deveria-comer-gorduras.html )
         Olhando para o passado recente nota-se claramente através de gráficos, que por volta de 1980 aconteceu um aumento relevante na incidência da obesidade e coincidentemente na ingestão de carboidratos nos Estados Unidos. E o que aconteceu para que a curva se acentuasse tanto e o índice de pessoas obesas tivesse um aumento tão grande? E se a obesidade aumentou mesmo comendo menos gorduras percentualmente, o que fazer?
         Ao longo dos anos, diversas teorias foram criadas, divulgadas e na realidade, ao invés inclusive de encontrar culpados, o que se sucedeu foram diversas investidas comerciais da indústria farmacêutica e alimentícia para vender fórmulas mágicas, shakes milagrosos, medicações e mais medicações que prometem a “solução dos seus problemas” que de fato não visam em hipótese alguma tratar a base do problema, pois se o fizessem seria realmente o fim de um dos problemas que mais abastecem lucrativamente a indústria: a Obesidade.
         Bom, mas o problema é tão grave, que existe no mundo hoje uma epidemia de crianças obesas com menos de 1 ano de idade (divulgado pelo estudo KIM et al. Obesity 15;1107, 2006) * faço questão de as vezes dar estas referências de onde encontrei esta informação para que não apareçam pessoas questionando algo que não sou eu quem estou dizendo, mas estudos científicos publicados e indexados em revistas internacionais.
         Então peraí, qualquer hipótese ou teoria que explique o aumento da obesidade no mundo, tem que explicar também este fenômeno de bebês obesos com menos de 1 ano de idade. E aí lhes pergunto, se a genética é a mesma desde que o homem é homem, não mudou em nada nos últimos 100 anos por exemplo, qual será o problema agora? Muitas pessoas sugerem com toda certeza de que a culpa da obesidade é principalmente da vida sedentária e sem exercícios físicos. Bom, será então que os bebês estão tendo menos atividade física??? Ou seja, é para rir ou para chorar quando ouvimos estas explicações? E o pior é que revistas, jornais, programas de televisão e todos os tipos de meios de comunicação ainda fazem o papel de divulgar estas teorias que viram verdades para os leitores, pois pensam que “se foi colocado na mídia, só pode ser por um profissional atualizado e portanto é uma informação de completa confiabilidade.”
         Amigos, na realidade o que mudou foi o meio ambiente e não precisa ser nenhum gênio para saber disso, portanto a culpa do aumento de peso e a epidemia de obesidade só pode estar dentro do meio ambiente e das mudanças que ocorreram ao longo dos tempos. E a primeira pista é simples, já temos. Se aumentamos a ingestão de carboidratos e diminuímos a de gorduras, porque então continuam os meios de comunicação e a maioria dos médicos condenando única e exclusivamente as gorduras? Será que falta acesso aos dados ou disposição para ir além dos paradigmas?
         Vamos buscar um pouco na história para compreender o motivo pelo qual houve um aumento tão acentuado na ingestão de carboidratos. A Associação Médica Americana, Associação Americana de Cardiologia e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos se reuniram no passado (início da década de 80), tomaram uma decisão com medo do aumento do Infarto. Eles alertaram a população, criaram uma política para que as pessoas comessem menos gordura, e passassem a comer mais carboidrato.
         Mas deixem-me contar um detalhe importante para você, o alimento industrializado com baixo teor de gordura é de um gosto muito ruim, então a indústria começou a acrescentar carboidrato em forma de HFCS – Low Fat/High Carb Diet. HFCS quer dizer High Frutose Corn Syrup (Xarope de Milho com alta concentração de Frutose). Ele custa no mínimo menos de 50% do que açúcar e adoça muito mais do que o açúcar (130% em uma escala onde açúcar adoça 100%), e aí começa o problema. Hoje este elemento é colocado em praticamente todos os alimentos industrializados, inclusive em grande parte dos pães que comemos, sucos que bebemos e molhos!
        O HFCS foi inventado no Japão em 1966, como alternativa barata ao açúcar (mas nunca foi usado no Japão); em 1973, Richard Nixon (presidente dos Estados Unidos na época) frente a uma forte crise instituiu a “guerra à fome”, portanto procurou um alimento barato; Em 1975 o HFCS foi introduzido no mercado americano por metade do preço do açúcar. A partir deste momento, foi dado um dos passos que custariam mais caro para o mundo moderno, especialmente a nação americana.
Ainda terei que escrever um artigo inteiro sobre a FRUTOSE , mas por hoje saibam que a frutose é o açúcar das frutas. Quando ingerido com as fibras das frutas, não é um problema, porém a partir do momento em que ingerimos este açúcar isolado das fibras, ele é altamente tóxico e além de engordar, causa uma série de doenças!
        E vejam como este “veneno” teve seu consumo absurdamente aumentado, juntamente com a obesidade:
- O consumo natural de Frutose era de 15g por dia
- Antes da segunda guerra mundial, era de 16 a 24g por dia
- 1977 a 1978 (USDA divulgou): 37g por dia. Isto já significava 10,2% do consumo calórico
- Entre adolescentes, o consumo atual é de 72,8g por dia, significando 12 a 15% do consumo calórico!
- A média de ingestão do HFSC é hoje de 28,5Kg por pessoa por ano!

        Está aí outro dos grandes responsáveis pela obesidade. Ainda existem outros problemas reais, mas posso lhes assegurar que este não só é um problema porque engorda, mas também uma substância que está relacionada a diversas doenças, principalmente a esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado – para quem é cirurgião e já pôde avaliar diversas vezes este órgão, sabe que é cada vez mais comum e era até pouco uma alteração sem causa conhecida), cirrose hepática não alcoólica e diabetes.
Resultado da brincadeira, aquela medida tomada de diminuir a ingestão de gorduras, além de não alcançar seu objetivo de diminuir infarto, ainda deu o “start” na curva da obesidade. E, como tudo na medicina, ao invés de correr atrás e identificar o erro, a indústria farmacêutica entrou no jogo e começou a “ensinar” aos médicos, quais medidas deveriam ser tomadas, ou seja, remédio para emagrecer, outro para tratar o infarto (que também teve seu início e aumento relacionado a outra invenção da indústria) e aí por diante.
        Portanto, a forma de emagrecer é no mínimo simples de compreender se começarmos desfazendo os erros do passado através do equilíbrio específico de macronutrientes e identificando quais alimentos contém toxinas tais como o HFSC e excluindo de suas dietas. Obviamente este seria um passo fundamental que por si só resolveria o problema de grande parte das pessoas, mas existem outros métodos que hoje dispomos, como identificar quais alimentos são individualmente tóxicos e também realizarmos a recuperação ou modulação do equilíbrio hormonal através da otimização de seus níveis. Esta última parte faz parte do avanço que a Anti-Aging Medicine fez no entendimento dos hormônios, o que a chamada de medicina do futuro denomina Revolução científica da Modulação Hormonal Bioidêntica, ou seja, aumentar os níveis dos hormônios benéficos, diminuir os níveis dos maléficos, equilibrar a balança metabólica entre eles e pronto. Por isso dizemos hoje que ninguém mais é refém de sua genética.
        Por último, quero dar uma dica importante para aquelas pessoas que passam uma vida fazendo dietas contando calorias:
A medicina é uma ciência de verdades transitórias, portanto evolui e devemos estar atentos às novas descobertas sempre. Atualmente sabemos que contar calorias está absolutamente ultrapassado e é por isso que vocês não estão tendo resultados. E nem há formas de viver contando calorias, a vida se torna um inferno, nem sempre conseguimos mensurar tudo que há em cada alimento e, o mais importante, depende muito de onde vem a caloria. Podemos ter uma refeição de 2000 calorias e que TODAS servirão para “turn over celular” (refazer células envelhecidas), melhorar pele, músculos, glândulas; ou podemos fazer uma refeição com 200 calorias em que TODAS servirão para virar gordura dentro dos seus corpos. O segredo (que não deveria ser segredo), está na fonte da caloria, se vem das proteínas, carboidratos, gorduras, ou se o alimento tem um poder de gerar não mais só um índice glicêmico elevado, mas hoje falamos em carga glicêmica, ou mesmo se foi uma refeição feita em um horário ou noutro, pois a combinação dos fatores é que fará a toda a diferença. Portanto, Lanches deveriam sempre ser baseados em proteínas, nunca somente em carboidratos!
        Amigos, espero que tenha conseguido pelo menos lhes alertar sobre o Xarope de Milho, sobre a Frutose, sobre o problema do aumento dos carboidratos e espero também que vocês que me acompanham e são médicos, comecem a alertar os pacientes quanto ao problema que estas substâncias estão causando para as pessoas. É papel nosso, dever nosso não só aguardar a doença acometer nossos pacientes para poder tratá-los com as medicações existentes. Podemos fazer mais, podemos prevenir, aumentar a qualidade de vida, exterminar com os hábitos que nos foram impostos durante a história, pois já sabemos do estrago que muitos destes geraram às pessoas.
        Tenho muita tristeza ao pensar na geração que vem por aí e mesmo a nossa, pois toda alimentação está centrada nos carboidratos, em mais de 90% dos alimentos industrializados, inclusive os sucos de caixinha, está contida a Frutose e não enxergo esforço algum da medicina tradicional em estudar estas substâncias e orientar principalmente os pais, que já desde a infância dos bebês começam a dar os alimentos absurdamente concentrados nestes venenos sem saber que estão começando a ceifar as vidas dos seus filhos sem a intenção e principalmente, pensando que estão assim provendo saúde aos mesmos. *Abro uma exceção aqui à medicina Antienvelhecimento que tem produzido pesquisas e estudos atuais e contundentes sobre tudo isto.
        Ainda escreverei um artigo completo sobre a Frutose e outro sobre Calorias, então aguarde que esclarecerei tudo sobre estes temas. Fica aqui já uma dica importante: procure evitar alimentos e bebidas industrializadas que contém frutose, ou HFCS, ou Xarope de milho; sendo assim, “suquinhos naturais” de caixinha, NUNCA deveriam ser dados diariamente a você, muito menos a seus filhos. Experimente colocar um suco na geladeira ou fora por mais de 1 semana, veja se não estraga. Agora compare com os 6 meses de validade dos que você compra nos supermercados, sem conservantes rs! Fruta foi feita para ser ingerida, no momento que você faz um suco que vá a fruta toda, é como se tivesse ingerindo-a, portanto ok! Entretanto no momento em que você toma só o suco, principalmente estes extremamente naturais de caixinha ou garrafinha, infelizmente saibam que não tem nada de natural, muito menos saudável meus amigos…
        Bom, como sempre faço quando escrevo um artigo sobre alimentação e que pode ajudar muitas pessoas, peço que compartilhem com as pessoas que amam pelo menos e que pratiquem isto com as crianças. Um bebê que não tem contato gustativo com açucares, HFCS e alimentos industrializados até os seus 6 anos, provavelmente nunca terá paladar para os mesmos e também não passará por todos os problemas relacionados com o sobrepeso e a obesidade.





http://www.drvictorsorrentino.com.br/o-que-esta-deixando-o-mundo-obeso/

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